A minha cama não tem picos de manhã, tanto que me custa a acordar, após o dia cansativo anterior. Acordo na esperança, que venhas. Esfrego os olhos, um gesto não tão simples quanto isso, faço-o para acordar com os pés bem firmes na terra, sem poeira a ofuscá-los. Já fingi seres impossível, já li e reli a cabeça dos demais, mas eu acredito que existes, por aí algures. Permites que as miúdas te usem e elas permitem ser usadas, talvez queiras mais que isso, mais que uma fantasia, um capricho para completar um fim de um dia, noites consecutivas, para afogar mágoas, por vingança, ou como ir ao encontro de base para disfarçar uma borbulha enorme, não sei. Ou então, achas-te um tolo por a cabeça dos outros, não se identificar com a tua, sentes-te tímido quando gostas de alguém, tendes a ficar envergonhado, és ciumento mas engoles a seco. Não gostas de futebol, nem de jogos de computador, o teu passatempo favorito é olhá-la nos corredores, sabes de cor quantos sorrisos, quais e nas situações onde eles surgem. Ela ainda não sabe, mas conhece-la como ninguém. Podes ser um brutamontes, mulherengo e uma rapariga que queira mais do que tu dás, só estorva. Mas quando finalmente vê-la a passar com o seu grupo de amigas, fechas-te como uma tartaruga, mas esse teu ar do ‘sou o maior’ não desaparece. Não queres acreditar que estás apaixonado e negas, afinal, desde quando um garanhão como tu se apaixona? Serias gozado, ela é diferente de todas as outras, diferente de ti. Podes ser mil e uma coisas, não te conheço. Não te escondas, dá de caras com o teu verdadeiro ‘eu’ e vem. Podes ser muito mais do que aparentas ser, podes trocar um sonho que tens deitado, com outro real, que tens de pé. Não faças disto um jogo dos teus, brincar com o coração de uma rapariga e jogá-lo fora, é ser um motivo de lágrimas frequentes e dores de barriga dolorosas. Até esse teu ar orgulhoso, só teu, pode desvanecer-se por minutos, quando a guias e dás por ti guiado. Quando o teu sorriso se torna patético e frequente, quando se fazem àquilo que é ‘teu’, quando róis as unhas ao não dirigir-te nem uma única palavra durante o dia, quando tens sensações diferentes, emoções calorosas e uma vontade enorme e infinita de estares com ela, largando tudo. É o teu ponto de equilíbrio, o cem por cento, a ano zero, a linha do horizonte, a resposta para as tuas perguntas, vês-te de roda da vida da tua vida. Tens medo? Ó, deixa, também tenho, mas juntos, o medo é espezinhado pelo amor que nos une. Seja que sapo fores, vais tornar-te meu príncipe e ao encantares o meu mundo te chamarei de Príncipe Encantado e eu serei a tua princesa. Sou complicada, mas aos poucos descobres como lidar comigo. O tempo é um achado, quando decorre em câmara lenta, enquanto não apareces. No entanto, podes demorar, ou nunca chegares a vir. Eu fico à espera, por aqui algures, até que me procures. P.S: onde estás?
Para ti, meu Príncipe Encantado
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