Darás por minha falta?

(...) e até pedia para perceber aquilo que sentes. Não sei o que vai dentro de ti. Não sei o que pensas quando te deitas e no dia seguinte quando acordas, quando vais para mais uma daquelas noites crianças e terminas numa velha manhã, quando por lapso toca na rádio uma das nossas músicas, será que te toca tão forte como toca no meu coração acelerado, cada nota, cada verso que se identifica connosco? Sinto-me ridícula. Reflecte, repara que não sou a única a viver dentro de ti e talvez, seja por isso que no meio da multidão, ainda te dês ao luxo de escolher qual a melhor. Quem não quer ser amado? Ainda que não seja pela pessoa que realmente gostamos, é Carnaval todos os dias e vestimos a nossa melhor máscara. Recebes e dás amor, a quem te dá jeito. Não me dá jeito sentir o que sinto, mas sinto, dá-me jeito esquecer-te e não consigo. Ainda que muito do superficial seja lastimável, vejo algo tão único em ti, não consigo ser indiferente à tua diferença e aposto uma vida, que ninguém alguma vez viu e te verá com os mesmos olhos que eu. Nem os quilómetros que nos separam, te tiram de mim, mas batalho todos os dias para ignorar a tua presença. Sem dares por isso, parti de ti, deixando de parte a multidão com que vives. Só mais uma coisa: aprendi que amar é sentires-te sozinho no meio da multidão, sem a pessoa que amas. Darás por minha falta?