Caminhos trocados

Derrubou-se uma avalanche. Desfez-se em bocados. E, estou eu, aqui. Preciso. Preciso, apenas. Sabes quando sabes, ou descobres que não estás a ir na direcção certa? Eu hoje descobri isso. E, se queres que te diga, é a pior sensação do mundo: é horrível, horrendo, insustentável, descobrir que aquilo porque sempre lutámos para que assim fosse, na verdade, não seja aquilo que queremos. Descobrimos que todo o suor foi em vão e que há algo que nos completa superiormente. Não porque nunca tenhamos tido o conhecimento de tal coisa, mas porque tentámos sempre ocultá-la. Hoje estou assim. Hoje descobri que estou a ir na direcção errada. Hoje descobri o erro que me tem levado a tão tremenda infelicidade. Mas já não o tinha descoberto? Óbvio que sim, mas, hoje, precisamente hoje, foi a pior maneira de descobrir tal facto. E assim me encontro: perdida. Eu estou literalmente perdida. O pior disto tudo é que preciso, preciso incessantemente de um abrigo, de um refúgio, de uma mão que se cole á minha e me guie, me leve para a direcção certa. Preciso de conforto e compreensão. Preciso de ouvidos atentos e pacientes; preciso aqui e não ali; preciso hoje e não amanhã. E, será que vale a pena? Será que valeu a pena eu ter percebido tudo isto? É que… eu ainda vou andar mais confusa, porque não há nada que possa fazer. Ou haverá? Oh, como eu admiro os que têm a coragem de lutar pelo seu coração, pelos seus sonhos. Oh, como eu admiro! Decerto que um dia gostava de ser assim: lutadora de mim própria. E, sabes o mais incrível do dia de hoje, dos sentimentos que me estrangularam hoje? É que foi a chuva o meu consolo. Essas gotas húmidas foram as únicas que me levaram as lágrimas e comigo ficaram. Essas, essas gotas, foram as únicas que me ouviram, que viram o meu lado transparente, que não me abandonaram. Há coisas incríveis, não há? Há coisas que nunca mudam!