
Custava-lhe escrever conjugado no passado. Sabia que a junção derivada de um 'tu e eu' e colada formando um 'nós', fazia credível um sempre. Será que ele não sentia o mesmo que ela? A rapariga sentia que o mundo era deles, ele fazia os seus dias mesmo com os gigantescos quilómetros que os separavam, o motivo do seu sorriso era o mesmo motivo que a levara a não ter apenas dias de sol, mas também dias de chuva. Foi tudo levado pelo vento, como se por segundos, rasgasse o pouco que tanto significava. Então, depois de pequenos longos minutos em silêncio, divagando e fazendo perguntas ao qual não obtinha resposta, pegou numa caneta e numa folha de papel em branco. Mordeu o lábio, não queria mais um dia de chuva, desta vez, não tinha quem antes lhe devolvia o sorriso quando lhe era esquecido. Uma gota desistiu de jogar às escondidas, e caiu gélida e salgada na folha que nada tinha escrito. Outra e mais outra, salpicaram a folha que agora já não estava em branco. Desta vez, não foi apenas um dia de chuva, uma tempestade, algo mais. Agora estava tudo nas suas mãos e nas suas mãos estava uma caneta que girava de roda dos seus dedos, sem parar. Sem mais nada pensar, escreveu em grande, de forma a que não houvesse mais espaço em branco: «Lembra-te, foste tu que fizeste, o final da nossa história»
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