Claro que o carinho é necessário. Claro que todos nós ansiamos por ter alguém do nosso lado: alguém que nos acaricie, que diga que nos ama, que nos guarde nos piores dias e que se expresse nos melhores; alguém que nos acompanhe a toda a hora, mesmo que distante; alguém que, no fundo, é igual a nós - porque eu acredito que para nos entregarmos a alguém, inteiramente, nós temos de ser igual a tal alma, a tal coração, porque é compatível, porque anseia o mesmo, porque quer amar, tal como nós.
Mas é por isso mesmo, pelo facto de o amor para mim ser diferente do amor que passa na boca de cada um, é por tudo isso, que eu não acredito que ele exista. Quer dizer, acreditei. O tempo, os pontapés, as dores de cabeça, as lágrimas, fizeram-me acreditar que os meus sonhos com o príncipe encantado não passavam disso mesmo, de sonhos. A realidade é dura, é crua, é honesta: não é feita de fantasias, nem de ilusões - é concreta.
O amor, aquele amor, é mais que tudo. É impossível existir aqui. É impossível ser sentido por pessoas. Elas são tão egoístas ao ponto de darem tudo de si a alguém, de amarem alguém como se amam a elas próprias. O amor, o tal amor, é irreal. É meu, porque sou eu que o idealizei, à minha maneira.
Sempre sonhei com o tal, com aquele, com o compreensível, com aquele que me faria cometer a maior loucura, ou as maiores loucuras, por amor. Sempre sonhei que um dia seria possível amar tanto alguém, que todo o meu amor se tornaria numa dor física, numa dor exterior. Mas não. Não existe o homem capaz de me fazer despertar o que há muito adormeceu. Não existe homem algum capaz de me fazer acreditar no mundo cor-de-rosa e feito de sorrisos-naturais e de amores-perfeitos. Não existe homem capaz de amar, de amar de verdade. É triste, eu sei. É triste não acreditar no sentimento mais bonito do mundo, eu sei. Mas é assim. Nunca ninguém disse que os sonhos mereciam um lugar na terra.
O amor será...